segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ambição vs Ganância

(autor desconhecido)

A ambição é uma das molas mestras do sucesso. Ter ambição é querer ardentemente; é colocar a mente e a vontade focadas num objectivo e tudo fazer para que ele se concretize.

A ambição sem medida pode ser negativa. Mas a ambição dentro dos limites da ética é altamente positiva. Uma pessoa sem ambição não terá sucesso, pois não encontrará os motivos para lutar e vencer.

A ganância é totalmente negativa. A ganância é um dos maiores factores de fracasso na vida pessoal e profissional.

A pessoa gananciosa não vê limites para ganhar o que deseja. Ela não tem nenhuma ética, nenhuma consideração de respeito às demais pessoas.

Para o ganancioso, os fins justificam os meios. Vemos, com tristeza, pessoas e empresas que ultrapassam os limites da ambição passando rapidamente para a ganância.

Mas a ganância é um monstro insaciável: quanto mais a alimentamos, mais fome tem. E tem um poderoso efeito destrutivo das relações humanas, da verdade e do clima nos locais de trabalho. A ganância, uma vez à rédea solta, aniquila o carácter das pessoas e destrói todas as qualidades humanas.

A História da Humanidade prova que a ganância do homem não é um exclusivo do capitalismo:

Para Karl Marx (1818-1883), filósofo e revolucionário alemão, o materialismo histórico conduz à visão de que com a alteração da base económica da sociedade, também se altera a consciência, pelo que, a ganância, o egoísmo e a cobiça não constituem uma fatalidade de carácter da natureza humana. Estas características seriam eliminadas pela colectivização da propriedade e dos meios de produção privados. Para a concepção dessa sociedade, Marx foi também influenciado por Tomas More, através da sua obra “Utopia”.

Recentemente, foi afirmado por Francisco Louçã, na intervenção de encerramento da VI Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, que a ganância é o "nome próprio do capitalismo". Todavia, não acrescentou que também o foi nas sociedades com modelos sociais e de produção esclavagista, feudal e comunista. Em termos filosóficos, sociológicos e religiosos, o conceito da ganância é abordado há milénios. Não constitui uma novidade para a Humanidade. A História das Ideologias ilustra esta questão com grandes referências do pensamento humano e religioso.

Bastará relembrar algumas para contrariar a tese da atribuição da ganância à exclusividade do capitalismo.

Na fase histórica do esclavagismo, e no período antes de Cristo, podemos recordar Platão (427-347, a.C.) – o primeiro pedagogo, por ter concebido um sistema de educação para a época, integrado numa dimensão ética e política.
Platão acreditava que, por meio do conhecimento, seria possível controlar os instintos, a ganância e a violência. O acesso aos valores da civilização funcionaria como antídoto para as maldades cometidas pelos seres humanos contra seus semelhantes.

“Como pode uma sociedade ser salva, ou ser forte, se não tiver à frente seus homens mais sábios?”, escreveu Platão.

No Novo Testamento, os textos da doutrina de Cristo abordam o homem rico e a sua atitude para com as riquezas: “acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”, Lucas (12;15); “ é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”, Mateus (19;24).

Seis séculos mais tarde, Maomé (570-632) transmitiu aos seus seguidores um rígido código moral e ético, com determinadas alertas e proibições, entre as quais se destacam a ganância e desonestidade nos negócios, os jogos de azar. “A concórdia é o melhor, apesar de o ser humano, ser propenso à ganância” (Corão)

No século XVI, Thomas More (1478-1535), homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, foi autor da obra “Utopia”, inspirada no livro “República” de Platão. Para ele o bem individual é subjugado ao bem geral, considerando que através dos tempos “torceram o evangelho como se fosse uma lei de chumbo, para modelá-lo segundo os maus costumes dos homens”. Condenou a vida de luxos em cima do trabalho de outros. Thomas More chegou ao cargo de Chanceler de Inglaterra. Mas, os conflitos com Henrique VIII e Ana Bolena levaram-no à prisão perpétua e depois à morte por crime de alta traição. Foi reconhecido como mártir e declarado beato pelo Papa Leão XIII, em 1886, e “Patrono dos Estadistas e Políticos”, pelo Papa João Paulo II, no ano 2000.

Voltando à ganância, vale a pena citar, demoradamente, Max Weber, na "Introdução" à "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo": "Instinto do lucro, sede de ganho, de dinheiro, do maior ganho monetário possível, não têm absolutamente nada a ver com o capitalismo.”

Infelizmente todos conhecemos Gananciosos que querem passar por Capitalistas…

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A ARTE DE VIVER JUNTOS

A ARTE DE VIVER JUNTOS
Roberto T. Shinyashiki

Muitas pessoas formam um casal pensando que vão iniciar uma grande brincadeira cujo objetivo maior é o prazer. A experiência mostra que eles que pensam apenas no gozo são os que mais sofrem numa relação. Depois de algum tempo, vêm as insatisfações, as frustrações, as cobranças, a rotina e o tédio. A pessoa se sente como um peixe no anzol: tentou comer a minhoca e acabou virando comida de pescador!

Quando duas pessoas desejam se unir, devem criar um espaço no qual possam desenvolver a capacidade de viver a dois, buscar soluções criativas à medida que os obstáculos aparecem e aprendem a desfrutar todas as formas de viver com amor.

Após a grande libertação sexual dos anos 60 e 70, ficou fácil para as pessoas se encontrar e ter relacionamentos ocasionais, em que aliviam as tensões, conhecem gente diferente e gozam de momentos agradáveis. Mas, ao mesmo tempo, cada vez mais, elas sofrem com a "ressaca sexual" - aquela sensação de vazio, culpa e insatisfação que acompanha tais relacionamentos. A pessoa acorda de manhã e se pergunta: "Meu Deus, o que estou fazendo nesta cama, ao lado desta pessoa:" Já dizia um poeta: "Deitei ao lado de um corpo e acordei à beira de um abismo..."

A ressaca sexual aparece toda vez que se comete uma agressão íntima contra si mesmo e, sem dúvida, é um aviso de que precisa ser mais cuidadoso. No passado, muitas pessoas experimentavam a "ressaca moral" por ter transgredido uma regra aprendida na infância, como a norma de que se deve ser fiel ao esposo ou praticar sexo apenas depois do casamento. Mas hoje o que nos chama a atenção é a ressaca sexual, cada vez mais experimentada por mulheres e homens que tiveram um grande número de relações superficiais e passageiras.

Passada a euforia da "liberação sexual", as pessoas estão sentindo falta de relações profundas e sólidas!

Estar com alguém plenamente é um caminho de crescimento, um aprendizado de viver a dois; é a possibilidade de vencer o medo da entrega e de se conhecer no mais íntimo.

Conviver com alguém que amamos é o mesmo que comprar um imenso espelho da alma, no qual cada um dos nossos movimentos é mostrado sem a mínima piedade. Ao mesmo tempo que conhecemos melhor o outro, entramos em contato com nossas inseguranças também. E aí começa o inferno... Em vez de encarar a verdade e de ver a imagem temida do verdadeiro eu, tenta-se quebrar o espelho.

Como é possível quebrar esse espelho? Há muitas formas, porém as mais freqüentes são: fugir da intimidade, culpar o outro, não assumir as próprias responsabilidades na relação desacreditar o amor.

Viver com alguém que se uma oportunidade de conhecer o outro, mas também a maior chance de entrar em contato consigo mesmo. Apenas quando conseguimos nos enxergar por inteiro é que percebemos o medo de nós mesmos e nos damos conta de que precisamos evoluir para nos tornar pessoas menores. Começamos, então, a nos capacitar para o amor.

Um dia, perguntaram a um grande mestre quem o havia ajudado a atingir a iluminação, e ele respondeu: "Um cachorro".

Os discípulos, surpresos, quiseram saber o que havia acontecido, e o mestre contou: "Certa vez, eu estava olhando um cachorro, que parecia sedento e se dirigia a uma poça d'água. Quando ele foi beber, viu sua imagem refletida. O cachorro, então, fez uma cara de assustado, e a imagem o imitou. Ele fez cara de bravo, e a imagem o arremedou. Então, ele fugiu de medo e ficou observando, distante, durante longo tempo, a água. Quando a sede aumentou, ele voltou, repetiu todo o ritual e fugiu novamente. Num dado momento, a sede era tanta que o cachorro não resistiu e correu em direção à água, atirou-se nela e saciou sua sede. Desde esse dia, percebi que, sempre que eu me aproximava de alguém, via minha imagem refletida, fazia cara de bravo e fugia assustado. E ficava, de longe, sonhando com esse relacionamento que eu queria para mim. Esse cachorro me ensinou que eu precisava entrar em contato com a minha sede e mergulhar no amor, sem me assustar com as imagens que eu ficava projetando nos outro".